Este artigo fala sobre uma dúvida bastante recorrente nos dias de hoje. O cliente estava “meio sem grana” para criar sua marca com um designer profissional e então resolveu botar a mão na massa. Vamos ver o que acontece a partir daí.


Meu foco aqui não é corporativista. Não vou entrar no mérito se o que o usuário do app conseguiu obter é bonito ou feio, se tem conceito ou não. Quero estritamente observar contigo sobre o que o aplicativo te entregará.


Na maioria dos sites onde há ferramentas para criação de logotipos – hoje até o Wix possui uma – o formato de arquivo que ele te permitirá baixar será em PNG ou JPG, ou seja, estará em bitmap (imagem) e não em traço (vetor). Já, já vou explicar a diferença entre os formatos. Como a maioria das pessoas que acaba usando esse recurso vai utilizar a “sua marca” somente on-line (redes sociais, site, power point, etc), o formato bitmap lhe servirá razoavelmente bem.

Estava tudo indo bem até que ele resolveu imprimir um banner na gráfica expressa do bairro e colocar “o logotipo beeeeem grande”. O atendente pediu o arquivo para colocar na peça gráfica e o cliente disse: “pode pegar o que está no meu face”. Aí os problemas começaram:

– Para poder ampliar seu logo precisamos dele em vetor.

– Nem sei o que é isso…

– Peça ao seu designer que lhe forneça o arquivo.

– Mas eu fiz tudo on-line! E agora?


Diferença entre bitmap e vetor


Vou tentar explicar de maneira bem prática:

Na imagem acima: o primeiro logotipo é um bitmap de baixa resolução (tem em torno de 190px de largura e 3kb) utilizado no site do cliente e o segundo tem aproximadamente 2000px de largura. Já o terceiro é vetor que gerou os 2 bitmaps acima. Repare nos contornos.

Vamos à explicação:


Bitmaps: as imagens do tipo bitmap são formadas por mapas de pontos (pixels) dispostos lado a lado horizontal e verticalmente e podem possuir alguns milhões de cores. Quanto mais pontos uma imagem tiver, melhor será a sua qualidade (resolução) e maior a sua capacidade de ampliação. Porém, quando essa capacidade chega ao seu limite, os pontos que antes não eram visíveis e formavam uma imagem “lisa” começam a crescer e a aparecer na imagem, formando uma grande quadriculação chamada de pixelização da imagem. Isto fica bem aparente quando tu amplias um círculo em formato bitmap e as bordas formam degraus, tornando a imagem feia e irregular.

Formatos mais comuns: PNG, JPG, GIF, TIF, PSD. Destes, somente o JPG não pode ter fundo transparente para uso sobreposto em outra imagem.

Vetores: já as imagens vetoriais são uma escala matemática e podem ser ampliadas sem perda da qualidade. Com o uso do software adequado, um arquivo em vetor pode ser manipulado. Tu podes modificar uma cor, alterar uma curva, um acento, mudar a fonte das letras, enfim, podes realizar ajustes que nos bitmaps são praticamente inviáveis.

Formatos mais comuns: EPS, CDR, AI, WMF, SVG. Ao contrário dos bitmaps, todos os vetores possuem fundo transparentes e podem ser utilizados sobre qualquer outro fundo, seja ele uma foto ou fundo liso em cor.

O PDF é comumente chamado de vetor mas cabe uma ressalva: ele é um tipo de arquivo misto, que permite unir os 2 formatos citados acima tornando a sua portabilidade (o P da extensão PDF) e qualidade intactas. Ao manipular as imagens em seu interior de forma a manter a melhor qualidade possível nos bitmaps e também nos vetores, é o melhor formato para entregar arquivos em gráficas. Mas não adianta tu salvar o teu bitmap em formato PDF pois ele não se tornará um vetor. Lembre-se sempre disso!


Mas e daí, Samuka, pra que toda essa explicação?


É comum recebermos arquivos criados através da situação tema do artigo seja para a diagramação de uma peça editorial, seja para a criação de um mero cartão de visitas. Ao explicarmos tudo isso, sempre com muito tato para não causar nariz torcido, temos 2 caminhos: ou se vetoriza a arte do logotipo enviada pelo cliente ou entrega-se algo com a qualidade em conformidade com o que foi entregue.
Ao propor o serviço de vetorização não estou querendo arrancar um dinheiro a mais do cliente e sim formalizar a marca, oferecendo o que o aplicativo ou outro criativo menos profissional não entregou.


Em quais outras situações preciso ter o meu logotipo em vetor?


As mais comuns são onde tu necessitares ampliar a marca além do tamanho básico. Basicamente em tudo que envolva comunicação visual: envelopagem de veículo, impressão de rótulos, bordado da marca em uniformes, enfim, em todas impressões em grandes formatos. Além disso, há a questão das cores. Nos vetores, você estabelece um padrão cromático e o institucionaliza através de um manual de identidade visual. Ele passa a ser “a lei” da sua marca, garantindo que ela seja reproduzida aqui ou na China com o o mesmo padrão e tonalidade de cor. Mas isso é um assunto para outro artigo.

Tenha em mente que a criação e desenvolvimento de uma marca vai muito além do desenho do logotipo. Sua marca traduz o seu dna e por isso deve ser tratada profissionalmente.

Vou ficando por aqui. Forte abraço e se precisar de algo nesse sentido, pode me acionar.

Foto em destaque: Daniel Mena/Pixabay